segunda-feira, 6 de julho de 2009

Importância Social

A EA tem, entre nós, uma prevalência não inferior a três por mil habitantes maiores de doze anos.
Em termos de prática clínica de um médico de família, que risco há de diagnóstico perdido para actuação em tempo de eficácia biológica?
Que atenção é dirigida à eventualidade de um caso de espondilite (anquilosante) em todos os quadros de lombalgia que se agravam com o repouso, de artrite periférica unilateral de indivíduo novo ou de inflamação ocular aguda unilateral com fotofobia intensa?
Qual é a responsabilidade médica de falhar o diagnóstico de uma espondilite espondilartropática em seu específico tempo de utilidade real?
Quais são os custos pessoais disso – para o doente espondilítico e quais os custos sociais correspondentes – para a comunidade?
Há uma pergunta que todo o clínico que trabalhe com patologia articular deve periodicamente fazer-se: Em que data fiz o meu último diagnóstico de espondilite a tempo dela não se tornar “precocemente” anquilosante / incapacitante?
Quem sofre de EA não pode ser penalizado por sofrer de uma doença que, se não é de todos os dias, rara nunca foi.
Que tempo de evolução de sintomas está o médico disposto a aceitar para sentir a responsabilidade de fazer o diagnóstico de EA?
1. Três a seis meses após o início das queixas por aplicação dos critérios de Bernard Amor ou do Grupo Europeu para o Estudo das Espondiloartropatias?
2. Um a dois anos para poder aplicar os critérios de Nova Iorque?
3. O tempo necessário para que qualquer radiologista tenha de referir a doença e sejam manifestos os critérios de Roma?
4. Até que a deformidade esteja estabelecida e tudo apenas seja o nome a dar a uma tragédia pessoal que foi consentida?
Caro colega da frente clínica, face a um diagnóstico de Espondilite (Anquilosante) fuja à oportunidade de abusar do lugar comum dizendo que é uma doença reumatismal inflamatória crónica porque importa ter presente duas coisas:
1. Que se trata de uma patologia que empobrece e desorganiza a arquitectura esquelética do aparelho locomotor, se é deixada em evolução livre...
2. Que esse empobrecimento pode ser muito retardado e a desorganização perfeitamente impedida por meios disponíveis e muito fáceis. Na minha perspectiva as três questões mais relevantes ao diagnóstico de um novo caso são:
1. A possibilidade de vir a ocorrer uveíte anterior aguda (UAA);
2. A perspectiva mecânica da orquestração da condução defensiva da evolução da inflamaçãona nível esquelético axial e a nível das cinturas pélvica e escapulares;
3. A compreensão de se tratar de uma patogenia imunogenética que, eventualmente, se pode acompanhar ou complicar com manifestações digestivas, urogenitais, dos lobos apicais dos pulmões e circulatórias centrais, nomeadamente de alterações do ritmo e de lesão valvular aórtica (insuficiência ou doença).

in MANUAL DA ESPONDILITE (ANQUILOSANTE)
FILIPE G. ROCHA (Médico Fisiatra)

Medicamento gratuito

Medicamento para artrite reumatóide e espondilite anquilosante passa a ser gratuito - publicado DN 20 Outubro 2007
Os medicamentos para tratar a artrite reumatóide e a espondilite aquilosante, além de outras três doenças crónicas e incapacitantes, vão passar a ser gratuitos, beneficiando mais de um por cento da população portuguesa, noticia hoje o Diário de Notícias.
Citando um despacho do Ministério da Saúde que já seguiu para Diário da República e deverá entrar em vigor no final de Novembro, O DN escreve que o medicamento em causa, disponível em Portugal desde 2000, mas sem qualquer comparticipação até agora, passa a ser totalmente comparticipado pelo Estado.
Cada embalagem custa ao doente 695 euros e calcula-se que cada um dos cerca de 40 mil doentes com artrite reumatóide possa gastar por ano entre três e dez mil euros só em medicamentos.
Além da artrite reumatóide e da espondilite anquilosante, o medicamento (Enbrel) está indicado para a artrite psoriática, a artrite idiopática juvenil poliarticular e a psoríase em placas. As cinco doenças afectam um por cento da população portuguesa.
Por enquanto apenas este medicamento está abrangido pelo despacho, mas a autoridade nacional do medicamento (Infarmed) está a estudar a integração de outros remédios para estas doentes.
Além da embalagem de quatro frascos, passarão também a ser gratuitas as vacinas pré-carregadas deste produto, que hoje custam 721 euros, também sem qualquer ajuda estatal.
De acordo com o despacho assinado pelo secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, "considera-se haver interesse público na dispensa gratuita destes medicamentos".
No entanto, os doentes terão de levantar estes remédios no hospital de referência da sua área, quando forem prescritos em consultas especializadas no diagnóstico e tratamento. Já hoje, estes tratamentos estão apenas disponíveis nas farmácias hospitalares, por razões de segurança clínica.
A despesa com os remédios passa a ser arcada pelo hospital, quando a toma é feita em ambiente hospitalar, ou pela respectiva Administração Regional de Saúde, quando o doente leva os medicamentos para casa.
A excepção é para os doente pertencentes a um sub-sistema, seguradora ou outra entidade pública ou privada - nestes casos o custo dos medicamentos já não sai dos cofres do Serviço Nacional de Saúde.
Já no relatório do Orçamento de Estado para 2008, apresentado na semana passada, o Governo anunciara a intenção de avançar com "benefícios adicionais para os utentes com necessidades específicas, visando facilitar a equidade de acesso, designadamente no domínio da oncologia, dos cuidados paliativos e da terapêutica da dor, do HIV/sida, da diabetes e da artrite reumatóide".

in http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=51366&visual=3&layout=10